Datas para Agendar:
Rosh HaShaná em 25 de setembro de 2014
PARASHIOT DA SEMANA: Nitzavim e Vaielech / 5774
(14 a 20 de setembro de 2014)
Ao iniciarmos o estudo
das parashiot Nitzavim e Vaielech, Zhuvi Zitman nos explicou que este trecho da
Torá sempre é lido pouco antes de Rosh Hashaná, e iniciou uma análise do texto
para demonstrar as relações com as Grandes Festas judaicas. A palavra hebraica
'nitzavim' pode ser traduzida para o português como 'perante', 'na presença'.
Nesta parashá Moshê descreve que todo o povo hebreu estava perante Deus na
última oportunidade de estarem todos juntos, antes de entrarem na Terra
Prometida e se dispersarem pelas diversas regiões de Canaã. Nós também, em Rosh
Hashaná e Iom Kipur estaremos todos juntos diante de Deus, por todo o Mundo. 'Vaielech',
por sua vez, significa em português 'e vai', e nas Grandes Festas, todos os
judeus vão às sinagogas.
Rosh Hashaná é
comemorado em dois dias de festas, mesmo em Israel. Uma das razões para isso, é
ter certeza que que as pessoas conseguissem chegar ao Templo em Jerusalém e -
atualmente - venham às sinagogas, para estar presente Deus. Este é um motivo de
ordem física, material.
Outra explicação
observa que também Deus precisa de dois dias para avaliar a humanidade, já que
em Rosh Hashaná as pessoas e seus atos são avaliados, para serem inscritas no
"Livro da Vida". No primeiro dia de Rosh Hashaná, que nossos sábios
equiparam ao sexto dia da criação, quando Deus fez o ser humano, Ele julga e
inscreve os nomes; no segundo dia Deus reflete sobre suas conclusões. Este é um
motivo teológico para a razão desta festa durar dois dias.
Entre Rosh Hashaná e
Iom Kipur passam-se sete dias, chamados de 'iamim noraim' - dias terríveis.
Zhuvi Zitman observou que sete dias foi o ciclo temporal necessário para o
mundo ser criado (seis dias), para Deus descansar (sétimo dia), e avaliar o
resultado de Sua obra (oitavo dia). Assim, após igual período de tempo, em Iom
Kipur tradicionalmente se diz que é selado o "Livro da Vida", ou
seja, seu conteúdo está encerrado. Para a humanidade, estes sete dias são o
momento que nos é concedido para avaliarmos nossos atos, adquirirmos consciência
de nossos erros e poder pedir perdão a Deus em Iom Kipur, quando é feito o
pedido coletivo de perdão.
A reflexão, o diálogo
com Deus, o reconhecimento do erro são caminhos para se chegar ao perdão. É
essencial, no entanto, para que este processo se complete, que: a) seja
formulado expressamente e claramente o pedido de perdão, b) que os danos sejam
reparados na medida do possível, e c) que haja uma real intenção em não repetir
o pecado.
O jejum nos auxilia
nesse processo na medida em que, ao nos afastarmos das rotinas e necessidades
mundanas, estamos fisicamente voltados apenas para Deus, concentrados apenas no
pedido de perdão e na reparação. Alguns entendimentos também afirmam que o
jejum em si mesmo é uma forma de penitência física, pessoal, para reparar os erros
do último ano.
As pessoas que não
podem jejuar por questões de saúde têm que ter uma consciência em dobro para
poder manter a concentração em Iom Kipur. Apesar das aparências, para quem quer
vivenciar plenamente o Iom Kipur isso é mais difícil sem o jejum, dificulta a
conexão com Deus necessária neste dia.
Já os cabalistas dizem
que durante o dia de Iom Kipur Deus está ausente, afastado de nós, só
retornando no final do dia, quando é tocado o shofar. Por isso, este é um
momento místico, único no ano.
Após Iom Kipur,
decorrem cinco dias para Sucot, para nos lembrar os cinco livros da Torá
(Bereshit, Shemot, Vaicrá, Bamidbar e Devarim). Segundo os cabalitas, na
verdade o veredicto final de Deus é dado em Sucot, ao invés de Iom Kipur. Essa
interpretação decorre do fato de Sucot ser comemorado em 15 de Tishrei, número
que em hebraico é escrito como gl, letras que equivalem
ao nome de Deus. Apesar do verdicto Divino, o julgamento ainda não é
definitivo.
Sucot marca a troca do
temor pela alegria, no meio do mês, a após sete dias, em 22 de Tishrei,
comemoramos Hoshana Raba. Zhuvi Zitman explicou que 22 equivale às letras do
alfabeto hebraico, que, acredita-se, têm significados cósmicos e são essenciais
na criação, na manutenção e para a compreensão do Mundo. Os cabalistas crêem
que nesta data é que ocorre a confirmação definitiva do "Livro da
Vida", após Deus julgar as pessoas sob temor e também sob alegria, e só
então dar o veredicto definitivo.
O dia seguinte a
Hoshna Raba é Shemini Atzeret, data na qual o Templo era lavado e purificado
para o novo começo marcado por Simchat Torá, quando no mesmo dia são lidos o
último e o primeiro trecho da Torá, a morte de Moshê e a criação do Mundo.
Assim, Zhuvi Zitman
encerrou sua palestra resumindo que o espírito dos raguim, festas que vivenciaremos
nas próximas semanas é estar perante Deus, 'nitzavim lifnei Adonai'. Durante
estes dias nos purificaremos, elevaremos e reiniciaremos o ciclo da vida, que é
como uma espiral pois o ser humano está sempre evoluindo.
Resumo do encontro do Grupo de Estudos da Parashá da Congregação Israelita Paulista de 7 de setembro de 2007.