domingo, 22 de fevereiro de 2015

Próximo Cabalat Shabat em 20 de março de 2015, às 19h15min!


Datas para Agendar:
Purim em 4 de março de 2015
Cabalat Shabat em 17 de abril de 2015



PARASHÁ DA SEMANA: Tetsavê / 5775

Grande parte das parashiot Terumá e Tetsavê contém instruções para a construção de um pátio cercado por colunas e cortinas, dentro do qual estariam objetos que permitiriam a Deus habitar entre os israelitas e que o povo se conectasse com Ele. No último livro da Torá este tabernáculo, Mishcan, é descrito como um local a ser temido e reverenciado (Vaicrá, 19:30).
 
A palavra mishcan tem sua raiz no verbo 'lishcon', descansar. Assim o Mishcan também seria um local para descanso da Shechiná, uma das facetas de Deus. Um midrash nos diz que a construção do Mishcan e sua inauguração comprovam o amor de Deus pelos israelitas e que os perdoou por terem confeccionado e idolatrado o bezerro de ouro.
 
O filósofo Franz Rosenzweig (Alemanha, 1886-1929) avalia a construção do Mishcan como o ápice de toda a Torá, pois os israelitas, como homens livres, tiveram o privilégio de construir um santuário em honra a Deus, e não mais para o faraó. Moshe David Cassuto (Itália, 1883-1951) afirma que o Mishcan foi um símbolo tangível da continuidade da presença de Deus entre os hebreus depois de sua saída do Monte Sinai, o local onde tiveram os encontros espirituais com Ele.
 
Sem dúvida, o Mishcan centralizou o culto a Deus e buscou '"monopolizar" a oferta de sacrifícios. Outro atributo do Mishcan é que ele se tornou a conexão entre dois pontos geográficos essenciais à História jucaida: o Monte Sinai e o Monte Sion.
 
Existem estudiosos que afirmam que o Mishcan nunca existiu realmente. A partir da análise literária crítica do texto da Torá, concluem que o tabernáculo foi uma ficção criada após a construção do Templo de Salomão, para legitimar o santuário em Jerusalém e seus sacerdotes, introduzindo no texto mais antigo da Torá estes relatos.
 
As leituras das parashiot Terumá e Tetsavê são acompanhadas de haftarot que fazem referências ao primeiro Templo - cujas especificações técnicas também são detalhadamente descritas no livro de Reis -, e às profecias de Ezequiel sobre a construção do  segundo Templo. Estas conexões decorrem da tradicional noção de que o Mishcan foi o templo portátil dos israelitas.
 
A estrutura e objetos do Mishcan foram guardados no Templo de Salomão e, após sua destruição, não se teve mais notícias daquelas peças. Durante os períodos de exílio o tabernáculo nunca mais foi reconstruído. São várias as explicações para isso:
 
- Receio e incapacidade de enfrentar os inimigos vencedores;
- Ausência de manifestação de Deus autorizando seu reerguimento;
- Crença de que a destruição dos Templos decorreram de castigos Divinos pelos pecados dos judeus;
- Inadequação ao processo de descentralização do Judaísmo como método de superação e sobrevivência.
 
De qualquer forma, o Mishcan ainda está fortemente relacionado ao cotidiano judaico do Século XXI. Uma das conexões é com o Shabat, pois como a construção do tabernáculo é relacionada à criação do Mundo, a consagração do Mishcan é equiparada ao sétimo dia. Por isso, todos os trabalhos realizados pelos israelitas na elaboração e construção do tabernáculo são trabalhos proibidos de serem realizados no Shabat. Também as sinagogas modernas contém diversos elementos iguais ou representativos daqueles descritos nas parashiot Terumá e Tetsavê para o Mishcan: o aron representa a arca; os rolos da Torá substituem as tábuas; a 'bimá' está no lugar do altar de sacrifícios; e ainda temos a menorá e o 'ner tamid'.
 
Resumo do encontro do Grupo de Estudos da Parashá da Congregação Israelita Paulista de 4 de fevereiro de 2012.