segunda-feira, 13 de outubro de 2014

....................................
CHAG SAMEACH !!!!!!
....................................

Próximo Cabalat Shabat em 24 de outubro de 2014, às 19h15min!


Datas para Agendar:
Shemini Atzeret em 16 de outubro de 2014
Simchá Torá em 17 de outubro de 2014


PARASHÁ DA SEMANA: Bereshit / 5775

 
A primeira palavra da Torá é Bereshit - 'um princípio'. Segundo a interpretação do sábio Rashi, conforme explicou Zhuvi Zitman, essa expressão indica que a criação do Mundo não seguiu uma ordem cronológica. Nesse sentido, a expressão 'dia' não se refere ao tempo como nós o conhecemos, decorrente da movimentação dos astros e planetas, que ainda não existiam. O 'dia' da Torá refere-se a um tempo imaterial, indefinível, que foi o critério utilizado por Deus para organizar o caos.
 
A primeira criação de Deus relatada pela Torá foram 'os céus', que refere-se a todo o Universo, do qual já são conhecidas por nossos cientistas dez outras galáxias. A criação da 'terra' não se refere apenas a nosso planeta, mas a todos os corpos concretos que existem em todo o Universo.
 
Interessante observar que as 'águas' não foram criadas, o que permite concluir que elas já existiam antes dessa descrição bíblica. Zhuvi Zitman  observou que as moléculas de água estão ao mesmo tempo em todos os lugares, mesmo que em quantidades ínfimas, da mesma forma que a presença Divina, cuja presença se move 'sobre a face das águas', explicando a onipresença de Deus. Dessa passagem também aprendemos que da mesma forma como a água é essencial à vida, Deus é inerente à existência dos seres vivos.
 
Em seguida, através de sua fala, Deus cria a luz. Esta luz não é a emissão energética que provém do sol, das estrelas, da lua ou de outros astros, pois eles seriam criados apenas no quarto dia. A primeira luz criada por Deus é a luz espiritual, que envolve completamente a criação, atingindo todos os seres - conforme sua capacidade de absorção - em todos os momentos da existência.
 
As águas foram dividadas em dois ambientes: nos céus e nos corpos celestes. Nestes corpos elas foram agrupadas e concentradas nos 'mares', destacando-se o 'elemento seco', nomeado 'terra'. Essa descrição explica como foi formado nosso planeta e também todos os outros sóis e planetas do Universo.
 
Com isso, estavam criadas as condições para o desenvolvimento da vida. As ervas, árvores, sementes e frutas surgem da terra. É a criação gerando criação. Esta criação será governada pelos astros criados no quarto dia: sol, lua, estrelas. A vida dependerá do calor do sol e estará submetida aos ciclos desses elementos que regulam as marés, a fotossíntese. Nosso planeta, a natureza, foram criados como parte de um sistema maior, numa cadeia de elementos que dependem dos anteriores e, no caso da Terra, da qual depende a vida que aqui existe.
 
Os répteis, as aves e os peixes - que possuem alma -, foram criados a partir das águas. As aves, em hebraico, são poeticamente chamada de 'asas', e desde o início são divididas em aves marinhas e terrestres. A primeira benção da Torá é dada por Deus a estes seres: "frutificai e multiplicai".
 
No sexto dia foram criados os demais seres terrestres, neste caso não mais a partir da água, mas 'produzidos' pela terra. Nesta primeira descrição bíblica da criação, o ser humano foi criado macho e fêmea, sem maiores detalhes, que serão explicados em seguida. A humanidade foi criada para reinar sobre os animais, e também foi abençoada. No conceito Divino, esta criação foi "muito boa".
 
Rashi explica que os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus em seus aspectos espirituais, através daquela primeira luz criada no segundo dia. Mas não somos parecidos a Ele nem na forma, nem em nossa configuração.
 
O ser humano, de um ponto de vista antropológico, necessita acreditar que há um princípio para tudo, razão pela qual a narrativa inicial da Torá é tão importante e textos semelhantes são encontrados em todas as culturas. A Torá é um livro sobre a história da humanidade, não sobre a história de Deus, é a história do ser humano de acordo com a expressão da vontade Divina.
 
Por fim, no sétimo dia, Deus criou o Shabat, para se recompor das atividades anteriores, para descansar, para apreciar a criação, demonstrando que também Ele atua em períodos cíclicos. É tradição judaica não fazermos pedidos a Deus durante o Shabat, para respeitar Seu descanso.
 
Após este descanso, Deus assoprou seu espírito no homem e criou a chuva, para possibilitar a criação ininterrupta da vida. Com isso se inícia uma nova narrativa, da história de Adam e Eva no Éden, a partir de onde vai continuar o relato bíblico que iremos estudar neste novo ciclo.
 
Resumo do encontro do Grupo de Estudos da Parashá da Congregação Israelita Paulista de 7 de outubro de 2007.